“Quando Raquel viu que não dava filhos a Jacó, teve inveja de sua irmã. Por isso disse a Jacó: ‘Dê-me filhos ou morrerei!’ Jacó ficou irritado e disse: ‘Por acaso estou no lugar de Deus, que a impediu de ter filhos?’” Gn 30.1-2 NVI.
Numa leitura clássica sobre problemas de família, em especial da figura do marido, vemos em destaque o prejudicial machismo. Contudo, na observação da vida diária, tenho visto um tipo de problema, que possivelmente muitas pessoas não acreditam que exista: o marido que se preocupa demais.
A Bíblia diz o seguinte: “Quero, porém, que entendam que o cabeça de todo homem é Cristo, e o cabeça da mulher é o homem, e o cabeça de Cristo é Deus” 1 Co 11.3 NVI.
A partir disso, criou-se a doutrina que o marido é o cabeça da casa, o chefe da sua família e o líder no casamento. Essas afirmações têm implicações boas e ruins.
Por um lado há um ensino deturpado, onde o homem é o cabeça para atuar como o capataz da família e da esposa, e todos tem que obedecer ao próprio ego dele, que está corrompido pelo pecado. E por outro, há um ensino de que o marido deve assumir todas as responsabilidades e necessidades dos filhos e da mulher; em resposta a isso temos uma enorme cobrança externa e interna.
Externa porque a sociedade de certa forma pensa: ensinamento dado, ensinamento vivido, a partir de agora, “o cara que dê o seu jeito”. Interna quando identificamos um percentual de maridos que vivem com uma auto-cobrança além da medida.
Quando acontecem tempestades na vida, ele se cobra. Se há uma crise financeira, ele se abate (mas essa é clássica nos homens, rs..). Se há problemas emocionais com sua esposa, ele pode pensar que não está dando atenção suficiente. Você acredita que eu já li “ensinos para maridos” que diziam, inclusive, que ele seria cobrado por Deus se sua mulher estivesse infeliz(!)? É claro que em alguns casamentos uma mulher pode ter problemas emocionais por causa do machismo. Mas, em outros casamentos, não.
A verdade é que os casais vivem numa era pós-moderna, plural em termos de opções, problemas e demandas sociais. E todo esse redemoinho tem reflexo no casamento, marido e mulher estão inseridos num contexto social e recebem dele influência. E não apenas das questões do presente, há situações de infância, como filhos de famílias disfuncionais, e, ainda, o pecado dentro de cada um e a própria pessoa do mal, Satanás. A questão é complexa, mas levada pouco a sério em termos de investimento de tempo para trabalhá-la. Por isso, temos casamentos caindo como moscas.
No caso de Jacó e Raquel, no versículo destacado acima, ficou claro que havia um problema que apenas Deus podia tratar. Nem tudo é responsabilidade de uma pessoa no casamento. No papel em comento, do marido, a ideia de que ele é o cabeça da relação não pode ser vista como uma peça solta. Ele é um elemento dentro de um contexto, conforme 1 Co 11.3. Umaengrenagem (gosto de pensar assim). E é aqui que está a chave para a solução dele não se cobrar tanto. Toda engrenagem se meche porque há um motor. O motor é Deus, provedor de todas as coisas. A força vem de Deus.
Neste minuto de reflexão, aconselho os maridos que façam como Jacó. Diante de uma pressão impossível, digam a si mesmos: “acaso sou Deus”? Esses caras responsáveis precisam afrouxar a gravata e confiar mais no SENHOR, sabendo que mesmo sendo o cabeça, homens não são os donos de suas famílias. Deus é o dono.
Portanto, fica aqui a seguinte conclusão (de forma resumida, objetiva e numa linguagem que todo homem vai entender): há problemas que os administradores resolvem, pois isso lhes é inerente pela função que exercem; mas há outros que só se resolvem com o dono. O melhor é que no caso de Deus (o dono), Ele é o cabeça do homem (administrador), é Fiel, ama toda a família como Pai, e garantiu o seguinte: “...eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém” Mt 28.20b ARC.
Fechou?
Pense nisso. Um abraço,
Leandro Hüttl Dias
Fonte: http://www.leandrohdias.com/2013/03/maridos-que-se-cobram-demais.html