1.
A linguagem aqui é do V.T, e faz-nos lembrar de que os crentes judeus
ofereciam sacrifícios ao Senhor. Mas os crentes cristãos, em vez de oferecer
algo fora de si mesmo, devem oferecer seus próprios corpos a Deus, como
sacrifícios vivos, santos e aceitáveis. Este tipo de sacrifício é um culto
espiritual que envolve todos os seus poderes racionais.
2.
Por causa da declaração envolvida, os crentes não devem se conformar com
este mundo, mas devem se transformar pela renovação de suas mentes
(12:2). Tal transformação e renovação se alcançam experimentando (aprovando ou
descobrindo) que a vontade de Deus é boa, agradável e perfeita.
B.
A humildade no Uso dos Dons de Deus. 12:3-8.
3.
Na introdução da questão dos dons, Paulo fala da graça que lhe foi
dada para capacitá-lo a ser um apóstolo. Depois ele exorta cada um dos seus
leitores a que não sejam arrogantes, isto é, que não pensem bem demais sobre si
mesmos. Ele apela para um jogo de palavras, usando diversos termos gregos que
têm a palavra "mente" ou "pensar" como elemento básico – que
não pense de si mesmo, além do que convém (saber), antes, pense
com moderação (com equilíbrio na avaliação). Devemos fazer uma
auto-avaliação quanto ao que Deus repartiu a cada um. Paulo aqui não fala da
"fé salvadora", mas antes de "uma fé que impulsiona uma pessoa
na obra de Deus". A "fé salvadora" não seria o padrão para um
auto-exame correto. Só o orgulho poderia dizer: "Veja quanta fé salvadora
eu tenho". Mas é com humildade que se diz: "Eis aqui a fé que eu tive
na execução desta ou daquela tarefa particular para Deus". Isto apenas
leva à oração, "Senhor, aumenta a nossa fé" (veja Lc. Romanos 17.5).
Na lista dos heróis da fé em Hb. 11, vemos que a medida da fé dada, corresponde
à tarefa a ser realizada.
4,5.
O um só corpo do qual os muitos são membros, enquanto ao mesmo tempo
são, individualmente, membros uns dos outros, é a Igreja universal, constituída
de todos os crentes em Cristo. (Veja I Co. 10:17; 12:12, 13, 28; Ef. 1:22, 23;
2:15b, 16; 4:3-6, 11-13, 15, 16; 5:22-30; Cl. 1:17, 18, 24, 25). O símbolo do
corpo descreve a Igreja como um organismo, com cada membro recebendo vida de
Cristo (veja Cl. 3:3). Uma vez que todos os membros recebem sua vida de Cristo,
eles todos se pertencem mutuamente. Grupos locais de crentes são a manifestação
local do corpo de Cristo, a Igreja. Tal grupo local é corpo de Cristo,
mas não todo o corpo de Cristo (veja I Co. 12.27). O corpo de Cristo consiste
da totalidade dos crentes que estão unidos a Cristo, a cabeça da Igreja.
6.
A graça de Deus concedida a crentes individualmente, está comprovada nos
diferentes dons. Paulo faz uma lista dos dons e depois diz de que modo cada um
deve ser usado. Em cada caso o leitor, para entender, deve suprir o verbo, vamos
usá-lo, seguido do dom particular. Se profecia seja (vamos usá-la) segundo
a proporção da fé, ou no correto relacionamento com a fé. Fé aqui
significa o corpo da fé, da crença ou doutrina (veja Arndt, pistis, 3,
págs. 669-670). A profecia, que tem a intenção de exortar, encorajar e
confortar (veja I Co. 14:3), deve ser usada no devido relacionamento. Com a
verdade revelada de Deus.
7.
A palavra diakonia, que foi traduzida para ministério, pode
ser traduzida para serviço se for tomada no sentido geral. Se o tomarmos no
sentido particular, refere-se ao ofício de um diácono. A ênfase aqui é
na necessidade de se usar esses dons. Aqueles que têm os dons de ensinar e
exortar devem exercitá-los.
8.
O que contribui deve fazer com liberdade. A palavra proistemi,
traduzida para preside, pode significar isso mesmo ou dar ajuda.
Isto tem de ser feito com alegria. Aquele que tem o dom de exercer misericórdia
deve usar o dom com alegria. (Os dons aqui mencionados são: – 1)
profecia, 2) ministério (serviço ou ofício de diácono), 3) ensino, 4) exortação
(possivelmente conforto, encorajamento), 5) repartir, 6) presidir ou dar ajuda,
7) exercitar misericórdia. Cada um é um talento particular para um tipo
particular de atividade.
C.
Qualidades do Caráter Exemplificadas. 12:9-21.
Devemos
meditar nesta lista se quisermos que o seu impacto nos atinja.
9.
O amor tem de ser genuíno (ou sincero, sem hipocrisia). Os crentes têm o
mandamento de aborrecer o mal constantemente e a se apegarem constantemente ao
bem.
10. Devem se devotar uns aos outros com
amor fraternal e devem se exceder uns aos outros na demonstração do respeito
recíproco.
11.
Não devem ser indolentes. Devem ser fervorosos (incandescentes),
literalmente, fervendo, no espírito. Devem servir continuamente
ao Senhor.
12.
Os crentes devem se regozijar na esperança, isto é, em tudo o que
Deus tem prometido fazer por eles em Cristo. Devem suportar as aflições e estar
sempre em oração.
13.
Devem suprir as necessidades dos santos (companheiros crentes) e seguir ou
buscar a hospitalidade.
14.
Os crentes devem abençoar seus perseguidores e deixar de amaldiçoar os
patifes.
15.
Devem se regozijar com os que se regozijam e chorar com os que estão
tristes. Sentir alegria genuína com o sucesso de outrem é sinal de verdadeira
maturidade espiritual.
16.
Os crentes devem viver em harmonia entre si. Em vez de lutar na consecução
de coisas que estão altas demais para eles, devem se acomodar às maneiras
simples, deixando de ser convencidos.
17.
Não devem retribuir o mal com o mal. Antes, devem se preocupar com o que é
moralmente bom diante de todos os homens.
18.
Até onde for possível, os cristãos devem viver em paz com todos os homens.
19.
Os crentes não devem procurar a vingança, mas devem dar oportunidade à ira
de Deus para operar os seus propósitos (veja Arndt, topos, 2, c, págs.
830-831). O V.T. faz notar que a vingança e a recompensa pertencem a Deus.
20.
Os crentes devem tratar os inimigos que se encontram em dificuldades, como
tratariam os outros em circunstâncias semelhantes. Alimentando-os e
dessedentando-os, os crentes amontoam brasas vivas sobre as cabeças deles. Está
figura parece querer dizer que o inimigo corará de vergonha ou remorso diante
de tão inesperada delicadeza.
21.
A última qualidade de caráter mencionada em Romanos 12 mostra que Paulo
sente que a vida cristã é como uma competição – Não te deixes vencer do mal,
mas vence o mal com o bem.
Concluindo
existem dois extremos: O trabalho
excessivo e o comodismo espiritual tanto um quanto o outro é prejudicial,
apresentamos o nosso corpo em sacrifício vivo, façamos o que vier as nossas
mãos conforme nossa força e tempo oportuno, sempre com amor e vencendo o mal
com o bem.
Texto extraído do Comentário Bíblico, Romanos, Moody.